Sem dinheiro

Saiu de casa e foi andando . Era o único meio de transporte que poderia utilizar . Pensou em parar no ponto de ônibus. Olhar para todos que estivessem em volta, escolher o mais simpático ou idoso e pedir ajuda. Pedir qualquer coisa para não ter que ir a pé para o trabalho. E se recebesse um não? Tentaria com outra pessoa? Nunca tinha feito aquilo. Que vergonha! Nunca tinha passado por isso. Pensava em voz alta, enquanto pessoas passavam por ele, possivelmente pensando que ele não gozava das faculdades mentais.

- Danem-se! Pensem o que quiserem! - respondeu para si mesmo.

Eram 7 horas. Teria que estar às 8 no trabalho. Se conseguisse chegar cedo, ainda pegaria o café que era servido para os funcionários pontuais. Só que indo a pé, isso ficaria impossível de acontecer. Normalmente levava marmita. Assim não gastava dinheiro na pensão, onde a maioria dos funcionários quando estavam com pouco dinheiro iam almoçar.

Parou em frente ao ponto de ônibus. Olhou em volta. Não havia ninguém! Nenhuma alma viva. Nem penada! Só carros passavam: táxis, vans, kombis e particulares. Suspeitou que havia greve de ônibus. Correu até o orelhão mais próximo e ligou para a empresa a cobrar.

- Alô! É o Osvaldo! Osvaldo do setor de limpeza! - pronunciou ofegante.
- Bom dia Osvaldo! A orientação é para você pegar um táxi. Nós vamos cobrir as despesas extraordinárias com transporte de hoje. - disse a voz do outro lado. Era o chefe.
- Chefe, talvez chegue um pouco atrasado! Aqui só tá passando táxi ocupado. Mas, não se preocupe que eu vou conseguir pegar um para ir trabalhar hoje. Mais do que nunca tô precisando de trabalhar pra esfriar a cabeça. - respondeu dando um até breve.

Saiu correndo como nunca tinha corrido em toda a vida. Chegou no trabalho. Disse pro chefe que não tinha lembrado de pedir nota de despesa para o taxista. O chefe perguntou quanto tinha gasto.

Com o dinheiro, almoçou e ainda deu para voltar de ônibus. Com ar condicionado...