Não sei jogar

Sei que é muita pretensão da minha parte, mas a idéia desse (mais um) blog é retratar o dia-a-dia através das lentes (onde estão os meus óculos?) tão pouco usadas por todos nós...

Saturday, December 16, 2006

Arthur no Obvius


Não costumo tecer críticas a shows. Primeiro porque não é nada fácil. Segundo porque uma temporada de um show costuma ter variadas apresentações. Não é o caso do show único que assisti de um baixista chamado Arthur Maia, cuja fama corre por esse mundo de Deus.

O Pub Obvius, como já dá para notar pelo nome , é um arremedo de casa londrina/britânica instalada ao lado da área verde de Icaraí. Facilidade para estacionar, ótimo acesso, couvert artístico a preço popular e um bom atendimento do segurança aos garçons. Foram em espaços desse tipo que começaram bandas como Black Sabath, U2, Police e outras .

Quando a gente vai numa apresentação musical em plena quinta-feira, é porque estamos abertos para o que der e vier. Como só conhecíamos o astro da noite, não conseguíamos imaginar como seriam os outros componentes musicais, até porque a produção prometia um espetáculo do jazz ao hip hop. Nós cariocas, se temos injustiças musicais a reparar (são tantas), uma delas é com o hip hop. Moramos numa cidade em que o funk ocupa o espaço da mídia (negativo), os ouvidos da juventude pobre e média e o patrocínio financeiro do tráfico para realização de bailes. Não sobra nehum espaço para o hip hop. Óbvio!

Como a direção havia anunciado, o show começou por volta de 22:30 m. Com muita simpatia, o astro da noite anunciou como seria o show e fez rápida apresentação dos músicos que dariam a base musical: Fernando Caneca (guitarra), Claudinho (bateria), Jean (pandeiro). Mesclando músicas de autoria própria com mpb, Beatles e James Taylor, o show era o que poderíamos definir como anti-rótulo. Com duas introduções para K2 ocupar o seu devido espaço, Arthur ainda convidou da platéia o saxofonista Marcelo Martins que abrilhantou duas músicas, uma delas um rap. Participaram da noite de estrelas, o baixista Fabricio e um percussionista que agora me foge o nome, que usava utensílios de cozinha nas músicas. Na última música (You've Got A Friend ), David baixista do Anima dividiu os vocais.

Na minha definição: um show impecável! Motivos para isso não faltaram: o show reuniu duas tribos ainda distantes (a do jazz e a do hip hop) , envolveu músicos na platéia organizando uma verdadeira jam session, trouxe de certa forma o engajamento do hip hop para dentro do mundo clássico do jazz, o que ainda é inédito no Brasil.

Não é todo dia que temos oportunidade de assistirmos a esse tipo de espetáculo por aqui, em terras tupiniquins. Arthur Maia provou que não é só baixista, mas também diretor musical dos bons para segurar num espetáculo qualquer tipo de platéia. Eu já confirmei presença no próximo show. E você?

15 Comments:

  • At 5:24 AM, Anonymous Anonymous said…

    Polinho, quando é o próximo show? Quem sabe acontece de ser quando a gente estiver por aí? :-)

     
  • At 9:35 AM, Anonymous Anonymous said…

    quando é o próximo evento???

     
  • At 9:41 AM, Anonymous Anonymous said…

    Toda quinta-feira de dezembro rola um evento desse tipo. Na próxima será com participação do Hyldon autor de "Casinha de Sapê" e na outra semana com Claúdio Zoli.

     
  • At 2:43 PM, Blogger Evandro C. Guimarães said…

    Grande Paulinho, que bom que voltou a ativa em grande estilo. Já havia ouvido falar em Arthur Maia sim. Ele já acompnhou grandes mestres, como Gilberto Gil e muitos outros. Deve ser mesmo uma experiência interessante.
    Mas, vamos há uma questão mencionada no texto. Qual Hip Hop você acha interessante? Por que a única coisa que conheço deste gênero são umas músicas sexistas e grosseiras que aparecem em clipes.
    Versos como "Vem lamber meu pirulito", "Fica logo de quatro" etc. E as traduções são essas mesmas. Não há erro. O amigo considera esse tipo de lixo um movimento cultural? Superior ao funk carioca? Para mim é tão ruim quanto. Mas, se eu estiver errado, por favor esclareça o que é o bendito HIP HOP.
    No mais, um grande abraço e aguardo os próximos textos!

     
  • At 6:46 PM, Anonymous Anonymous said…

    Evandro,
    A cultura hip hop é formada pelos seguintes elementos: O rap, o graffiti e o break.
    Rap - rhythm and poetry, ou seja, ritmo e poesia, que é a expressão musical-verbal da cultura;
    Graffiti - que representa a arte plástica, expressa por desenhos coloridos feitos por graffiteiros, nas ruas das cidades espalhadas pelo mundo;
    Break dance - que representa a dança.
    Os três elementos juntos compõe a cultura hip hop.
    Que muitos dizem que é a "CNN da periferia", ou seja, que o hip hop seria a única forma da periferia, dos guetos expressarem suas dificuldades, suas necessidades de todas classes excluídas...
    Portanto, caso vc tenha em mãos o JB de Hj (domingo), ele tem um caderno quase todo dedicado ao Funk carioca, do qual me parece que vc e eu temos concordãncia nos motivos de não gostar.

    abs,

     
  • At 1:14 AM, Blogger Evandro C. Guimarães said…

    Muito obrigado, Paulo. A explicação foi esclarecedora. O significado da palavra RAP eu já conhecia, mas não sabia da trindade que forma o HIP HOP.
    Ficou uma dúvida: o HIP HOP que você admira e citou de forma positiva no texto é esse das letras sexistas e grosseiras?
    Ou você se refere a artistas que fazem críticas sociais como os Racionais aqui no Brasil? Imagino que haja algo similar aos Racionais nos EUA. Mas, o que tem chegado aqui é só baboseira sem nenhum sentido.

     
  • At 5:59 AM, Anonymous Anonymous said…

    Evandro,

    As gravadoras não têm interesse pelos artistas que fazem rap com crítica social. A maioria desses caras lançam seus trabalhos de forma independente. Por incrível que pareça, é melhor assim. Independência nesse caso, também é sinal de qualidade. Eminem, Dog e outros do gangsta rap são hoje os queridos das gravadoras americanas.
    No Brasil temos Parteum, Rappin Hood, Racionais, etc, fazendo um belo trabalho.
    Aqui no Rio sem trabalho lançado vamos de K2 a Dom Negrone. E já com CD o B' Negão.

     
  • At 4:15 PM, Blogger Ana said…

    Eu bem queria ir, mas moro nessa roça, dá uma preguiiiiçaaaaaa...

     
  • At 5:05 PM, Anonymous Anonymous said…

    Ana,

    combina com a Cris. tudo tem jeito nessa vida, menos a morte. hehehehe

    bjs,

     
  • At 2:01 AM, Blogger Syrena said…

    uhm.... vamos ver o Zoli?
    bjs

     
  • At 4:06 PM, Blogger Bruno Capelas said…

    Arthur Maia é simplesmente o melhor baixista brasileiro em atividade e sobrinho do grande Luisão Maia , que tocava com Elis Regina e Antonio Adolfo.

    ABração!

     
  • At 6:36 PM, Anonymous Anonymous said…

    Mutante,
    não tenho dúvidas a respeito.Maia é o melhor entre os melhores. Esse país tá cheio de bons músicos, inclusive baixistas.

    abs,

     
  • At 6:49 AM, Blogger Ronzi Zacchi said…

    Feliz Natal, hoho

     
  • At 5:52 AM, Blogger anouska said…

    paulinho, eu já disse que te amo hoje? FELIZ NATAL pra nós hoje e sempre!!! HOHOHO

     
  • At 5:23 PM, Anonymous Anonymous said…

    Foi um dos momentos mais marcantes de minha vida, juro que ainda não caiu a ficha.
    Tocar com o melhor baixista do mundo, nem "Sócrates" conseguiria descrever a emoção transcendental na qual estou ainda absorvendo.
    Abraço a todos

     

Post a Comment

<< Home

|