Simplesmente Roy

"É sabido o desejo das vanguardas de tirar a arte dos museus e levá-la para as ruas. Para além das tranformações na própria noção de arte daí decorrentes, o resultado mais curioso e paradoxal foi a absorção, desta mesma vanguarda, pelos museus de arte moderna. Conscientes desta incorporação, os artistas pop inverteram a lógica - trouxeram o mundo para dentro do museu. Não um mundo de coisas e objetos, mas de imagens e mitos. Como observou certa vez o artista Roy Lichtenstein (1923-1997), "o que marca a arte pop é antes de tudo o uso que ela faz do que é desprezado"... (Luiz Camillo Osorio em O Globo)

Ainda não tive tempo, por conta da avalanche de eventos espanhóis em minha cidade, de ir até o MAM. Em um estado marcado pela exuberante mostra "Mirabolante Miró" e pela censura ao quadro de Márcia X exposto na mostra "Erótica" no CCBB, nada melhor do que dar uma passadinha em uma exposição de arte pop. Passando ao largo da crítica internacional, até por não ter sido marqueteiro, como é comum entre os artistas famosos de nossa modernidade, a mostra enxuta da obra de Roy me parece ser algo interessante por vivermos tempos de degradação da arte pela arte. Quase tudo que se faz vira evento para atrair multidões para Bienais, mostras ao ar livre, movimentos que tentam sintetizar alguma década tipo: anos 90, geração Parque Lage, Mandala, etc...

Eu, cá comigo converso o seguinte: procuro o belo (não o pagodeiro), onde quer que ele esteja. Tenho certeza que ele não é propriedade de nenhum movimento, artista conceitudado ou está definido por algum crítico. Ele é aquele que consegue condensar meu gosto pessoal e minha capacidade limitada ou não de entendimento.

Para quem quiser arriscar dar uma espiada na primeira exposição individual da América do Sul do Roy, são 78 desenhos e colagens expostos até 21 de maio, do meio-dia até às 19 horas. Estudantes pagam 2 reais e crianças até 12 anos não pagam. Lili e Ronzi estão convidados.