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Hoje termina o Fórum Mundial de Educação. Pela primeira vez é realizado no Rio de Janeiro, exatamente em Nova Iguaçu. Por que? Nova Iguaçu é uma cidade que muitos brasileiros já ouviram falar ou leram a respeito. Na campanha nacional pelo desarmamento, o prefeito da cidade reinaugurou uma praça somente com brinquedos feitos com material reciclado das armas recolhidas da população. Além disso, a praça foi rebatizada com o nome das crianças que foram assassinadas na chacina promovida pela Polícia Militar local. Por isso a coordenação do Fórum escolheu a cidade para sediar o maior evento de educação do mundo. Nada mais forte do que realizar o Fórum em uma cidade marcada pela violência policial, desemprego e falta de escolas estaduais.

Na abertura, quase 5.000 pessoas participaram de uma passeata pela educação. Ontem e hoje aconteceram oficinas e exposições as mais diversas com especialistas de diversas partes do mundo. Na abertura, garantiu-se politicamente que as conclusões do Fórum serão encaminhadas ao Governo Federal.

Cada vez fica mais claro para nossos governantes que se preocupam com Educação que o desafio de termos um povo educado levará mais de uma década para ser atingido. Países pequenos como a Irlanda, levaram quase 10 anos para alfabetizar e qualificar tecnicamente seus cidadãos.

Não existem milagres quando se fala de educação! Minha médica costuma dizer que, se quisermos alfabetizar nosso povo, teremos que começar em nossos lares, onde muitas vezes passam trabalhadores domésticos analfabetos. Temos uma oportunidade ímpar de vencermos paulatinamente o constrangimento do ser humano. E também a suposta substituição do aprendizado das letras, pela fácil informação apresentada pelo rádio e tv. Uma grande amiga, confessou-me estar realizada aos 40 anos quando resolveu participar de um projeto governamental de alfabetização. Sob sua responsabilidade 40 empregadas domésticas e um motorista se formaram recentemente como leitores ávidos de um mundo que não pode esperar.

No dia da formatura, o patrocinador da metodologia de ensino (baseada em Paulo Freire), enviou camisetas em que vinha inscrito Projeto BB-Educar. Erraram! Ninguém queria usar a camiseta do banco patrocinador no dia mais importante da sua vida. Todos, sem exceção, se esmeraram em escolher em seus guarda-roupas a melhor blusa/camisa ou melhor saia/vestido/calça. Afinal de contas, não é todo dia que um adulto aprende a ler. Ler é viver!!!