Recordações

Hoje pela manhã, reencontrei Manoel Carlos na hora em que fui ao banco com Cris. Não estou falando do autor de novelas. O Manoel Carlos que conheço foi presidente da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), além de ter coordenado o Projeto Todas as Letras que alfabetizava cidadãos ligados ao setor operário na década de 90. Nunca tivemos ligações profundas, mas conhecíamos as mesmas pessoas na área de trabalho. Isso de alguma forma nos aproximava, fazendo-nos parecer velhos conhecidos. Foi estranho nos vermos e termos a mesma impressão um do outro: distantes, porém de alguma forma conhecedores das nossas ações. Nunca tinha pensado sobre esse tipo de situação, embora já a tivesse vivido.
De manhã cedo, quando vou à praia, reencontro Nilo com quem trabalhei no início da década passada. Eu sei que é diferente, pois paramos para conversar sobre o que estamos fazendo atualmente. Mas, foi estranho quando por motivos profissionais uma amiga dele me ligou e me fez sentir como se estivesse falando com alguém que eu conhecesse muito bem ou depois, quando meu vizinho convidou-me para uma reunião em que ela estaria presente. Era como se meus pensamentos me enganassem dizendo-me que estaria entre amigos.
Conforme vou envelhecendo, percebo situações desse tipo, onde falsas impressões me levam a sentir estranhas emoções que eu não posso compartilhar. Seria no mínimo esquisito, falar com as pessoas de quem tenho recordações sem nunca ter convivido com elas.

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P.S.: Foto do CD Smile, de Brian Wilson. Concepção de Mark London.