A cadela, a gata, o homem e o menino.

Parece título de série de TV ? Antes fosse! Esses citados acima são os seres que disputam o mesmo espaço aqui em casa, com larga vantagem para os chamados "irracionais".

Vamos aos fatos para que eu me faça entender:

parte 1

Quando Guilherme vai dormir e pronuncia boa noite, a Samara corre e deita na cama dele que é de solteiro e só comporta um ser vivo de porte médio. Logo me chamam para convencer Samara a sair para que Guilherme possa se entregar aos braços de Morfeu. Depois de muita interlocução, cansada dos meus rogos, Samara pega seu brinquedinho (borracha cor azul e com apito interno) e vai para debaixo da minha espaçosa cama. Por volta de meia-noite, quando eu cansado depois de um dia de intensa labuta me recolho aos lençóis, ela começa a morder o brinquedinho. Fin fon, fin fon, fin fon, sonoriza o maldito brinquedinho que minha patroa deu de presente de Natal para nossa cocker. E lá vai meu sono embora. Nem ele aguenta a convivência com os brinquedos de Samara. Enquanto isso, dona patroa dorme o sono dos deuses.

parte 2

Por volta de 5 horas da manhã, alguém acorda. Não é Guilherme, nem dona patroa, é a Keka... Começa a miar até que alguém acorde. Caso contrário, ela ataca meus jornais e revistas e começa a picá-los. A gata é intelectual. Tem prazer mórbido por textos, inclusive os livros didáticos do Guilherme. Na contabilidade geral: um livro de química, um de matemática, uma revista Época, uma Carta Capital, Uma Caros Amigos, uma Fórum e diversos jornais. Concluí que sou quem menos lê aqui em casa, por falta de oportunidades, é bom frisar. De um mês para cá, dona patroa, com pena da Keka (deveria ter é de mim), levanta-se e lhe dá a sua diversão predileta: água da bica, mas não pode ser em gotas, tem que ser filete. Tipo bebedouro, vocês estão me entendendo?

parte 3

Já tentei de tudo para mudar a situação em meu lar: sou chamado de incompreensivo e de não gostar de animais. Mesmo assim, os animais são bondosos e gostam de mim. Eles vão para o céu e eu talvez nem no inferno seja aceito. Cheguei a pensar nesta semana em comprar a Revista Veja. A matéria de capa era o Ministro da Justiça e em cima uma chamada para pessoas que são controladas por cães e gatos. Como deu na Veja, fu...., resolvi não comprar e começar a rezar para que mais um Ministro não caia. Pois a Veja, quanto mais aumenta, mais me desalenta. Vou me resignar com esses bichos, entrar para um mosteiro budista e ter fé cega de que na próxima vida virei como gato ou cachorro e dona patroa vai cuidar de mim e fazer todas as minhas vontades.