Não sei jogar

Sei que é muita pretensão da minha parte, mas a idéia desse (mais um) blog é retratar o dia-a-dia através das lentes (onde estão os meus óculos?) tão pouco usadas por todos nós...

Sunday, October 22, 2006

Chiclete sem banana

Quando Deus te desenhou,
Ele tava namorando,
Na beira do mar.
Na beira do mar.

Alguém conhece essa letra? Escrevam para essa coluna e comentem!
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Sunday, October 08, 2006

O Debate

O debate na Rede Bandeirantes de Televisão deu o pontapé inicial no segundo turno da maior eleição da América Latina. A meu ver poucos aspectos positivos despontaram, entre eles: pela primeira vez na história brasileira um Presidente da República debateu com seu adversário, o horário permitiu que a maioria dos trabalhadores assistisse e acho que só...

Os pontos negativos: a dinâmica do debate não permitiu a discussão clara de propostas de governo, no primeiro momento os ataques do Alckmin deram a tônica, querendo mostrar a corrupção partidária como a principal questão do governo Lula. Os jornalistas que participaram do penúltimo bloco levantaram a bola para o governador Alckmin ou tentaram encurralar o presidente Lula.

O resultado final foi a necessidade de outro debate, onde a emissora que transmita tenha postura mais imparcial. E não querendo exigir muito, a possibilidade de ser transmitido em cadeia. Não vejo como a democracia ganha quando apenas um canal debate o futuro do país. Em vez de se globalizar as questões nacionais, só conseguiram dar padrão global aos interesses do país.
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Monday, October 02, 2006

Conversa no catamarã

O catamarã é uma embarcação típica da Ásia. Nos dias de hoje, com o avanço tecnológico das embarcações, é comum encontrá-lo em países como Itália, Argentina e outras localidades onde a navegação é por rio ou mar de baía.

Em minha cidade existem duas linhas de catamarã que fazem a ligação Niterói-Rio-Niterói. A viagem é confortável e um pouco cara. Quando não acontecem acidentes de percurso, viajar nele é extremamente agradável.

As pessoas que o utilizam são de classe média ou estudantes utilizando o passe. Quando viajo nele costumo encontrar a nata dos executivos e advogados que trabalham em grandes empresas do Rio. Hoje por falta de pilhas carregadas, não pude gravar os diálogos bizarros que foram feitos na viagem para Niterói.

Viajava distraído quando ouvi o início de uma ligação telefônica:

- Mãe! Tudo bem? Papai tá por aí?
- Oi pai! Como estão as coisas? Soube que o Alckmin se deu bem na eleição! Como? Mas as pesquisas não estavam dando isso!?!? Isso é maravilhoso!!! Então a eleição vai ser disputada!
Quer dizer que os mensaleiros foram eleitos? Vergonhoso para nosso país! Isso tem que acabar! Então o senhor acha que o mercado reagiu bem ao resultado do Alckmin? É que eu tô de férias, preciso que o senhor me mantenha atualizado. Passa prá mamãe o telefone, acho que a ligação vai cair. Estamos perto do aeroporto.

Enquanto isso dois yuppies atrás do cara conversavam:

- E o Biscaia, heim?
- Não foi eleito!
- É mas o PT tá indo pro ralo!
- Tem que ir mesmo!
- Cambada de ladrão!
- Vão se ferrar quando o Alckmin entrar no governo.

Dos quase 100 parlamentares acusados de serem sanguessugas apenas 5 se reelegeram. Dos parlamentares do PT acusados de terem se envolvido com"verbas do esquema do Marcos Valério", dois se reelegeram. O PT com cerca de 800 mil filiados é o único partido responsabilizado por corrupção partidária na história do Brasil. Isto tudo sem que nunca essas decisões passassem por suas instâncias deliberativas. Até hoje a Justiça não julgou os acusados. Pouquíssimos foram cassados e desses apenas um por confissão, o restante por indícios e suposições a partir das linhas de crédito dos Bancos BMG e Rural.

Alckmin, o herói da imprensa tupiniquim que subiu nas pesquisas e está no segundo turno com o Presidente Lula, conseguiu convencer boa parte da classe média paulista. Mesmo depois da bancada estadual governista paulista ter obstruído 69 CPIs. Entre elas convênio com a ONG do seu acupunturista e propaganda na revista de acupuntura, privatização da Nossa Caixa, desvio de doações de roupas doadas para que a Primeira Dama pudesse fazer caridade, esquemas de corrupção na Secretaria de Segurança envolvendo o PCC.

Como a classe média descobriu graças a imprensa sensacionalista, a corrupção partidária nesse ano, todos aqueles que se locupletaram com o dinheiro público foram perdoados. Até porque não saiu nos jornais ou se saiu não deram muita enfâse. Só assim os meios de comunicação puderam garantir boas verbas publicitárias do estado.
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Sunday, October 01, 2006

Coluna de Elio Gaspari - O Globo 1/10/2006

Não costumo indicar o que leio nessa coluna, mas hoje saltou-me aos olhos o que estava por lá. Entre os textos um bem interessante sobre o personagem dos jornais da semana, dr. Mário Lúcio Avelar, procurador de justiça de Mato Grosso. No meio do artigo sobre avanço de sinal do xerife, uma saraivada sobre investigação criminal:

'... Investigação não é fogueira, acusação não é prova, insinuação não é argumento e entrevista não é petição..."

Mais a frente o texto dá um exemplo:

Na operação Curupira chefiada pelo dito procurador, foi preso o Diretor do Ibama (nomeado pelo PT), sr. Antonio Carlos Hummel, engenheiro de 50 anos (23 de serviço público), dois filhos e um apartamento de três quartos. Segundo informações do dr. Avelar "ele autorizou operações ilegais que levaram à comercialização de dez milhões de metros públicos de madeira". Hummel apresentou-se a Polícia Federal e foi levado algemado para Cuiabá. Passou quatro noites na cadeia. Foi liberado após o depoimento. O delegado responsável pelo caso disse o seguinte:
" a polícia não tinha nada contra ele. O procurador acompanhou o interrogatório. No final, o procurador concluiu que não deveria sequer tê-lo indiciado".

Elio finaliza dizendo que "quando o cidadão tem sua reputação abatida num processo que tramita sob os holofotes da imprensa, com entrevistas substituindo peças processuais, quem perde é a Justiça.

O procurador pode acusar quem bem entender. Só se pede que faça tudo isso no rigor e na discrição dos autos do processo".
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