Não sei jogar

Sei que é muita pretensão da minha parte, mas a idéia desse (mais um) blog é retratar o dia-a-dia através das lentes (onde estão os meus óculos?) tão pouco usadas por todos nós...

Friday, December 30, 2005

(Ao som do "Suzanne Vega - Live in Montreux")


Preparei este discurso ontem. Mas, na hora de escrevê-lo, como sempre , sairá totalmente diferente.

Queridos amigos leitores, ou como queiram ser chamados. Gostaria de desejar feliz 2006 para todos que me suportaram, pois ler meus textos foi mais difícil que suportar as agruras de 2005.
Desejo feliz ano novo, para todos aqueles que sofreram sem reclamar. Reclamar ainda é a forma mais fácil de não enfrentarmos os problemas da vida. Admiro profundamente todos aqueles que avançam com força sobre os obstáculos e sugiro a todos aqueles que nunca o fizeram, que tentem para saber a sensação da vitória.
Desejo uma boa entrada para todos aqueles que passaram 2005 semeando o bem. Tudo o que fazemos volta, a isto sempre aplico a lei da física que trata da ação e reação.
Que todos aqueles que consolaram em vez de serem consolados tenham uma excelente passagem de ano. A vida é feita de pequenas coisas: ouvir, prestar atenção no que passa a nossa volta, risos e lágrimas.
Nós sempre queremos do próximo ano, naturalmente, o que não conseguimos durante o anterior. Esquecemos que perdemos diversas oportunidades de ter feito do ano que acaba o melhor ano de nossas vidas. Sem rancores ou mágoas. Sem ódios ou planos de vingança. Sem orgulho ou vaidades. Mas, sempre olhando para frente. Buscando o melhor para o mundo e para nós mesmos...

FELIZ 2006, 2007, 2008, ETC, ETC, ETC...
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Wednesday, December 28, 2005

Preconceito

Para cada coisa ruim que acontece sempre existe a possibilidade real de se fazer algo bom, estabelecendo o tal do contraponto tão necessário para que continuemos vivos.

Sou carioca e por isso tenho fama de bom vivant: gostar de samba, não ser preconceituoso e receber bem todos que aportam em minha cidade.

Exceto samba, do qual entendo pouco, os outros predicados eu tenho, graças a Deus.

Por isso, quando me deparei em pleno fim de ano, com parecer da Deputada Juíza Denise Frossard sobre os portadores de deficiência física, tomei um asto (mistura de asco com susto). Sobre o Projeto de Lei (do deputado Nelson Pellegrino) ele disse a seguinte pérola: “a repulsa a doença é instintiva no ser humano” e de que “poucas pessoas sentem prazer em apertar a mão de uma pessoa portadora de lepra ou AIDS”.

Não estou euzinho aqui, querendo controlar o pensamento de uma deputada juíza. Sequer consigo (nem tento) das pessoas que me são próximas. Mas, a questão é que ela com um parecer deste tipo institucionaliza, ou melhor, dizendo, resgata o pensamento dos higienistas que influenciaram o nazismo em meados do século passado. Os portadores de Hanseníase enviaram à “deputada perfeita” a lei nº 9.010/95, que proíbe o uso do termo “lepra” em documentos federais. O Programa Nacional de DST/AIDS, encaminhou ofício ao presidente da CCJC, Antonio Carlos Biscaia, afirmando que a não aprovação do parecer “se faz necessária”..., e que "o respeito às pessoas portadoras de patologias e deficiências deve ser compromisso de todos os gestores e legisladores”. Ela podia ter dormido sem ouvir isso!!!

Como o mundo gira, vamos a São Paulo. Cidade que é do tamanho de muitos países e mais habitada que qualquer grande cidade da América. Sampa tem fama de preconceituosa, mesmo assim costuma surpreender. A arquiteta Mara Gabrilli (secretária municipal das pessoas com deficiência) criou um selo para ser dado a imóveis que possuam acessibilidade. Para ganhar o tal certificado, o imóvel deve, pelo menos, ter acessibilidade na cozinha, na sala e no banheiro. Além dos deficientes, os imóveis adaptados beneficiam também a população idosa. Outra boa notícia: a ONG Escola da Gente lançou o Manual de Mídia Legal 4 – "Comunicadores pela Política de Inclusão”. Se alguém quiser ler mais a respeito visitem o meu site, onde pretendo abrir um espaço maior para pessoas as quais ainda não são dadas o direito de serem cidadãs.
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Sunday, December 25, 2005

Ceia de Natal, por Frei Betto


A Missa do Galo deu-se por celebrada na primeira hora de 25 de dezembro.Padre Afonso deixara-se contaminar pela aflição dos fiéis, ansiosos porretornarem às suas casas e desfrutarem a ceia antes de as crianças murcharemde sono. Abreviou a homilia, pulou orações, desejou a todos Feliz Natal e deu-lhes a bênção final. Uma dezena de paroquianos ombreou-se na sacristia para manifestar-lhe votos de boas festas. Presentes sobrepunham-se a um canto: camisas, meias, livros, essas coisas adequadas a um homem de Deus. Dependurados os paramentos, padre Afonso viu-se sozinho. Miseravelmente só, em plena noite de Natal. O celibato é um dom e ele o sabia ter merecido. Ao longo de vinte anos de sacerdócio acometeram-lhe muitas tentações. Não era o fascínio das mulheres que o levava a duvidar de sua consagração. Admirava-as, sentia-se gratificado por achá-las belas e atraentes. Sinal de que havia nele um macho, o que no íntimo o envaidecia. Perturbava-o a consciência do pai que nunca fora. Muitas vezes sentia saudades dos filhos que não tinha. Atormentava-o ver-se sozinho à mesa de refeições. Comer é comunhão, partilha, entremear ao cardápio o diálogo ameno e alegre. O alimento lhe caía insosso e, com freqüência, se surpreendia sonhando de olhos abertos, a mesa cercada por sua família imaginária. Naquela noite a solidão lhe bateu forte. Uma solidão com a ponta de amargura advinda de uma expectativa frustrada. Sentia-a na boca da alma. Nenhum dos paroquianos lhe acenara a gentileza de um convite à ceia. Padre Afonso revirou os embrulhos de cores brilhantes e encontrou o que bastava: um panetone e uma garrafa de vinho. Enfiou-os na pasta usada para levar sacramentos aos enfermos e dirigiu-se à zona boêmia. Shirley trazia os olhos inchados, o peito sufocado, o coração miúdo. Desde o fim da tarde chorara copiosamente ao recordar os natais de sua infância no norte de Minas. Lembrou da família que a repudiara, do marido que a abandonara, do filho que dela se envergonhava. Sentiu ódio da vida, da desfortuna a que fora condenada. Confusa, teve medo e vontade de sentir ódio também de Deus. Pudesse, não trabalharia naquela noite. Todavia, não lhe restava alternativa. O acúmulo de dívidas a obrigava a ir à rua e aguardar o dinheiro ambulante que chegava escondido atrás da fantasiosa excitação de sua fortuita freguesia. Mirou o homem de pasta na mão, camisa sem gola, sapatos escuros. Talvez viesse do trabalho. Enquadrou-o na tipologia adquirida em tantos anos de calçada: tinha o jeito ingênuo dos que buscam apenas aliviar-se e, na hora da cobrança, preferem ser generosos no pagamento a enfrentar uma prostituta ira da disposta ao escândalo. Trocaram olhares e ela se esforçou para estampar um sorriso sedutor. Ele parou e indagou; ela apontou o hotel de alta rotatividade na esquina.Caminharam lado a lado em silêncio, ela sobrepondo seu profissionalismo aos sentimentos esgarçados, ele apreensivo frente ao receio de ser flagrado ali por algum conhecido. Subiram as escadas opacamente iluminadas, em cujos degraus as baratas se desviavam ariscas. Ao abrir o primeiro botão da roupa, ela ameaçou dizer qualquer coisa,mas ele se adiantou. Explicou que não estava ali em busca de sexo, e sim de companhia. Haveria, contudo, de pagar-lhe o devido. Contou-lhe de seu sacerdócio e de sua solidão, e indagou se ela se dispunha a orar com ele e compartir a ceia. Shirley sentou na cama, enfiou o rosto entre as mãos e desabou em prantos. Agora era um choro de alívio, de gratidão por algo que ela não sabia definir, quase de alegria. Logo, falou de seus natais na roça, o presépio em tamanho natural que o pai armava no quintal do casebre, o peru engordado durante meses para a ocasião, o bendito puxado por uma vizinha na falta de igreja e padre naquelas lonjuras. Padre Afonso propôs fazerem uma oração. Ela se ajoelhou e ele tomou-a pela mão e fez com que se sentasse de novo. Ele ocupou a única cadeira do quarto. Abriu o Evangelho de Lucas e leu, pausadamente, o relato do nascimento de Jesus. Em seguida, perguntou se ela gostaria de receber a eucaristia. Shirley pareceu levar um choque. Como ela, uma puta, poderia receber a hóstia sem sequer ter se confessado? O sacerdote leu o texto deMateus (21,28): As prostitutas vos precederão no Reino de Deus. E acrescentou que era ele, e essa sociedade cínica, injusta, desigual, que deveriam se confessar a ela e pedir perdão por a terem obrigado a uma vida tão degradante. Após a comunhão, padre Afonso tirou dois copos da pasta, encheu-os de vinho e partiu o panetone. Clareava o dia quando os dois ainda conversavam animados sobre suas vidas.

Frei Betto é escritor, autor de Típicos Tipos ­ perfis literários (A Girafa), Prêmio Jabuti 2005, entre outros livros
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Friday, December 23, 2005

Feliz Natal ou Merry Christmas


Chegou o Natal e prá variar, não temos muita a coisa a dizer em relação aos outros anos.
Portanto resolvi lembrar dos meus 13 leitores!
Desejo um feliz natal para a Monica Parreira e seu querido filho João. No ano que vem estaremos juntos novamente, quem sabe escrevendo sobre filmes?
Sei que Leonardo não gosta da data mas mesmo assim desejo-lhe um feliz natal bem acompanhado dos seus familiares. Que ano que vem você retome ao seu belo blog.
Cândida, que ama o natal, Papai Noel e tudo o que tem direito. Obrigado por estar presente na minha vida e na da Cris. Bom Natal.
Rosinha Monkees, foi bom ter lhe conhecido. Você tem um lindo blog, além do mesmo amor que eu tenho por blues. Ótimo natal para você e seus sete gatinhos.
Lili, mantenha seu charme no Natal. Que ele seja belo e classudo. HoHoHo.
Velho do Farol, apesar da distância, que Papai Noel passe por sua casa. Até ano que vem!Quando você terá mais de trinta anos. rs...
Mutatis Mutante, por tudo que aprendi com você. Me senti um menino de 13 anos querendo escutar o mundo. Que seu amigo secreto virtual lhe dê um belo presente de natal.
Edu, por tudo o que você é e continuará sendo, um verdadeiro Papai Noel dos tempos duros que vivemos. Amparando e protegendo os que estão ao seu redor. Tenha um grande Natal.
Ronzi, obrigado por ter voltado a escrever. Bizarro ou não, feliz dia de São Nicolau.
À querida Simy, que mora em uma cidade natalina. Feliz natal coberto de esperanças e sorrisos.
Ao Viscondi, que já está de férias e a sua filha que já deve ter cantado. Que suas fotos natalinas encantem a todos neste fim de ano. Tudo de bom para você.
Ao Guilherme Cerdera Martins, que passou de ano, que escreveu muito, que falou muito, que jogou muito. Feliz Natal e não abra os presentes antes do tempo. hehehehe
À Cristiane, que está sempre ao meu lado: feliz natal e que Deus lhe devolva tudo aquilo que você fez a mim e ao Guilherme. Pela coragem nos momentos difíceis, pela lucidez nos momentos
confusos, pela força para ultrapassar obstáculos,pelo carinho e atenção diários, pela paciência diante da nossa chatice, desejo-lhe um dia de natal que dure mais de 24 horas, repleto de emoções e amor.
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Monday, December 19, 2005

O Coral


Ontem fomos à Igreja. Não para rezar, pois até estamos precisando, mas para assistir a um belo coral. O Coral se apresentou pela primeira vez na Igreja de São Domingos, que fica no bairro com o mesmo nome. Exatamente nos fundos da igreja, minha querida avó deu seus primeiros passos. Eram tempos bicudos, embora nossa família trabalhasse para a Marinha Mercante, foi a pequena Igreja quem nos deu abrigo permitindo-nos sobreviver em terra desconhecida. Eram os migrantes pernambucanos aportando na bela cidade de Niterói, há mais de um século.

Quando chegamos na Igreja, o simpático coral esperava a porta, a hora da entrada. Todos portavam pequenos castiçais. Após a apresentação do simpático Padre Brás, as luzes se apagaram e o coro de Cântico a Emanuel tomou conta de todos os corações. As notas emitidas por órgão habilmente tocado pela jovem Elaine Marraschi vibravam pela acústica perfeita da Igreja mais antiga da cidade. Meus olhos marejaram, lembrei-me da minha avó, das minhas raízes fincadas naquela igrejinha e deixei-me levar pelos pensamentos. Mas ainda teria muitas músicas até que aquela noite inesquecível terminasse. Bach, Chamatero di Negri, Mendelsson, Mozart, Villa-Lôbos com letra de Manuel Bandeira, entre outros, alegraram nossos corações. Se eu puder descrever o Espírito de Natal, posso lhes dizer que ele estava por lá, bem ao meu lado e da Cris.
Oriunda de coral de igreja, ela não perdeu uma nota, percebendo que aquele grupo dividido em oito naipes de vozes, estava dando o melhor possível naquela noite. No encerramento, a tradicional "Noite Feliz" que o maestro Adeilton Bairral pediu que todos nós acompanhássemos.
À exceção, é claro, desse que vos escreve, já que mesmo perto de um coral afinado, não me arrisco a cantar. Sou casado com uma mulher de bela voz afinada, além de me ver no espelho também consigo me escutar. A todos aqueles que nunca assistiram a um coral, ao vivo e a cores, não percam a oportunidade quando ela surgir. É no Natal que os espaços culturais se abrem para suas apresentações. Se forem, me convidem!!!
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Friday, December 16, 2005

Da série "Psicanálise da Vida"


O desemprego é uma das ações mais cruéis do capitalismo. Através dele é formado o exército de mão-de-obra reserva. É também através da procura e oferta de empregos, que são definidas as faixas salariais. O desemprego é um horror do ponto de vista da economia. Mas o capitalismo não está nem aí para suas consequências. Diante da revolta de imigrantes na França, o Ministro do Interior propõe ações mais duras. Esquecendo-se que os imigrantes construíram a França do pós-guerra, através da famigerada mão-de-obra barata. Quanto mais trabalhadores você tiver, menor será o salário que você precisará pagar. Assim funciona o mercado capitalista.
Ontem, demitiram uma amiga de uma editora. Encontrei-a por acaso ao voltar da capital. Como não tinha muito o que falar, lhe perguntei o que iria fazer. Ela me disse que ainda não sabia, pois a cabeça ainda estava muito confusa: contas para pagar, prestação do imóvel e outros problemas para resolver. Pediu-me que sabendo de algo lhe falasse. Isto é o que todos falam quando ficam desempregados. Respondi que ia ficar atento a qualquer oportunidade. Isto é o que todos respondem. Como os médicos diante dos pacientes que morrem na mesa cirúrgica, ficamos insensíveis a dor da perda do emprego.
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Tuesday, December 13, 2005

Com vocês, os Monkees!!!




Queridos leitores estes são os Monkees! Monkees estes são meus doze leitores e amigos! Por favor, não pensem que eu pago para virem frequentemente no meu blog. Eles vêm por livre e espontânea vontade e também porque a novela do horário não anda bem das pernas.
Continuando a apresentação, postei uma foto ao lado que mostra uma passeata (realizada em NY a poucas semanas atrás) em prol dos Monkees. Isto mesmo que vocês estão vendo com os olhos que um dia (espero bem tarde) a terra há de comer. Alguém imagina uma banda criada pela indústria cinematográfica americana para competir com os Beatles em 1966? Que esses rapazes foram selecionados entre 400 candidatos? Que apenas dois eram músicos? Que lançaram um vinil para promover o filme que acabou tornando o disco um enorme sucesso! Que fizeram um mega show com apenas três meses de existência?
O que você faria se eu lhe falasse que eles perigam vir ao Brasil? Você tem duas opções: ir ao show ou ficar de fora do acontecimento do ano. Pensem nisso!!!
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Monday, December 12, 2005

Valei-me Santo Antônio



Se alguém nunca dele ouviu falar, eu posso aqui contar
De um Santo de nome Antônio
Que teve como nome Fernando ao se batizar.
Contemporâneo de Francisco que era de Assis
Foi por eles, os franciscanos, que se encantou
Aos 25 anos, lá se foi em nome da ordem a evangelizar
Enviado entre os muçulmanos, teve problemas de saúde
Tendo então que voltar.
Vindo a morar na Itália em um eremitério.
Combateu a heresia
Não só pela pregação
Mas também realizando milagres em seu ministério.
Dominava as sagradas escrituras
Tendo o dom da explicação
Seu sermão foi se tornando muito famoso
Quando veio doença inesperada
Tendo 36 anos quando veio a falecer.
Gregório IX o canonizou
Tornado-se popular nos países latinos
Não só por auxiliar moças solteiras a casarem
Mas também por ajudar a encontrar objetos perdidos


Estes singelos versos, por certo não conseguiram contar a história deste santo. Mas, quem sabe não levarão esperanças a quem o ler. Achar objetos ou noivos não é tarefa fácil de concretizar. Fé e disciplina, amor e confiança são ingredientes diante dos obstáculos. Que a experiência que se adquire na vida, não importando a idade, deve ser conduzida com força de vontade. Se você perdeu algo, volte pelos caminhos percorridos e olhe atentamente refletindo sobre tudo o que fez. Se você procura alguém, não esqueça de olhar a sua volta. Alguém a procura, e por estar tão perto, você pode não ter notado. São segundos que se levam para perdermos algo, são anos que levamos para achar alguém. Mas, com certeza é possível achar o objeto perdido ou encontrar o ser amado. Milagres acontecem e por que não dizer quase todas as horas e não os percebemos. O Sol se levanta bem cedo, e nós quando acordamos, não o procuramos. A Lua está todas as noites claras a nos espreitar, mas só prestamos atenção quando falta energia ou quando passamos por ruas escuras. Escreva um verso, recite um poema, observe uma flor, dance e verá um milagre acontecer.

Este texto é dedicado a todos aqueles que estão perdidos procurando alguém.
A todos aqueles que viajam todos os dias, sem saírem do lugar onde estão.
A todos aqueles que pretendem dar a volta ao mundo, para conseguirem um dia amar.
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Saturday, December 10, 2005

São tantas emoções


Terça-feira ensolarada, primeira hora da tarde, estava eu completamente entretido com o trabalho, quando fui avisado que havia alguém na recepção a minha espera. Como não havia marcado nenhuma reunião, perguntei (reclamando) a Leonor quem era, mas só para variar um pouquinho, ela não soube me dizer.

Fui até a porta de entrada contrariado, achando que teria algum incômodo justo na hora do almoço. Ao ver a figura impoluta me esperando, abriram-se sorrisos em ambas as partes seguidos de fortes abraços. Era meu primo querido, que eu não via há tempos.

Sem saber bem o que fazer com a visita, fui apresentando-o a todos por quem passei até chegar no meu setor. A conversa ameaçava fluir durante horas: notícias de parentes, trabalho, música, país, Cris, Guilherme. Resolvi convidá-lo para almoçar, ele relutou e depois sugeriu que fosse na casa dele para não haver gastos financeiros. Respondi rindo que era por minha conta e fomos para um pequeno restaurante com dois ambientes. Escolhi o serviço self-service que é incomum nos bons restaurantes do centro da cidade, que há muito está tomada pelo almoço a quilo. Mesmo vendo a mesa farta a sua frente, perguntou-me se poderia repetir, disse-lhe que sim e imediatamente ele lotou o prato de saladas de todos os tipos. Parecia criança diante da fartura de doces oferecidos por algum adulto. Era um simples almoço, num lugar um pouco diferente onde duas pessoas se reencontravam. O dia estava ensolarado!

Quase não consegui comer. Não por falar durante o almoço, mas porque precisava escutar cada palavra atentamente. Queria entender e depois poder revolver na memória as histórias.

Ele reviveu o processo de demissão no trabalho: a rede de fofocas em que foi envolvido; as conseqüências disso após sua demissão; a falta de recursos até para comer o que bem entendesse. Falou da situação dos trabalhadores na sua área (educação física) e demonstrou o desejo de aos 40 anos, de abandonar a profissão. Por um lado já não agüentava mais ver tanta exploração, por outro achava que encontraria condições semelhantes em outros ramos de trabalho. Pensei que seria fácil ajudá-lo, mas desisti e sugeri que ele organizasse os trabalhadores da academia. Que montassem uma empresa, onde não houvesse sonegação de INSS e FGTS. Que as pessoas tivessem a carteira profissional com o valor real dos seus salários. Que seus atestados médicos, quando faltassem, fossem reconhecidos. Que pudessem folgar pelo menos dois fins-de-semana por mês. Enfim, que criassem uma empresa ou cooperativa onde o ser humano não tivesse como princípio a exploração do seu próximo.

Ele me respondeu que uma das professoras havia ligado para ele propondo algo, eu me entusiasmei com a idéia, marcamos novo almoço na próxima semana. Dessa vez será a três: mais idéias, assessoria ao projeto, planos estratégicos. Uma rápida emoção cruzou nossos pensamentos. Podemos vencer as intempéries.
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Sunday, December 04, 2005

As Meninas - da série "Ontem, Hoje e Amanhã"

Ontem, fui ao 1º Festival de Bandas da AEN. Não como simples espectador, mas como jurado. Não é uma função gratificante, por assim dizer, mas o convite tinha sido feito pelas meninas.
Conheci uma delas durante a Semana da Mulher, no mês de março, quando foi feito um concurso
de redação na AEN. Os textos de uma maneira geral eram bons. A moçada, todo(a)s com menos de 14 anos, botou para quebrar. O que ninguém sabia era que a AEN tentava discutir através dos textos, a questão do machismo, muito presente entre os meninos, principalmente nas salas onde eles eram maioria absoluta. Foi entre os textos da 7ª série que eu percebi que havia um que se destacava colocando a questão da mulher nos dias de hoje: suas lutas e desafios. Fiquei encantado. Alguém no mundo dos adolescentes, sexo feminino, apenas 13 anos, percebia algo que a maioria dos adultos morre sem saber. Fui conhecê-la pessoalmente. Ela ficou um pouco sem jeito, afinal achava que não tinha escrito nada demais, embora outros já a tivessem cumprimentado. Veio a eleição para representante de turma. Elegeram outro, mas ela não desistiu. Pensou no grêmio, haveria outra oportunidade para as mulheres. Discutiram o assunto.
Apareceram outras candidatas... Foi em frente e virou presidente.
A outra eu já conhecia do telefone. Na maioria das vezes que ligou pra Guilherme, quem atendeu fui eu, sempre simpática e educada. Isso já era o suficiente para me cativar. Depois li um poema
que ela publicou no Informativo AEN. Achei lindo. Virou tesoureira do grêmio. Não sei se é pão-dura, mas infelizmente é um bom requisito para quem atua na área financeira. (rs...)
Apareceram outras, mesmo sem cargo no Grêmio. É assim que funciona, as pessoas se engajam pelas propostas e não necessariamente por conta de algum cargo.
O Festival mostrou a garra das mulheres, tiveram que conseguir apoio financeiro, som, local, escolher jurados, convidar bandas. Tudo de um universo ainda dominado pelo saber e o poder dos homens... Faltou DJ, mas nada é perfeito, na última hora quando arrumaram o dinheiro, furou a comunicação. Mas esse foi o primeiro evento das meninas, no ano que vem, estarão organizando outros: esportes, feiras e música. Muita música, para refrescar a alma!
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Thursday, December 01, 2005

Ontem, Hoje e Amanhã

Os últimos dias foram corridos. Corri para pegar a van, ir ao supermercado, sair do trabalho, corri para escrever hoje no blog.
Enquanto escuto a votação da cassação de José Dirceu, escrevo para recuperar o tempo perdido. Gosto de fazer coisas ao mesmo tempo, portanto não se espantem com o texto de hoje (rs...). Fui com Cris na festa da Syrena. Quem quiser imaginar o aniversário dessa blogueira de mão cheia, visite a sua página. Da minha parte eu até gostaria de narrar com detalhes, tudo que vi e ouvi na Cantina Buongiorno, em plena segunda-feira. Porém, estou impedido pela lei de direitos autorais (rs). Acho que Gláucia tem a obrigação de contar para seus leitores sobre sua família e principalmente sobre os amigos. As histórias não podem ser narradas por pessoas como eu que não viveram as emoções. No entanto, como pude escutá-las ao vivo e a cores, jurei que nunca vou esquecê-las. Fora isso, posso garantir que a família é simpática, unida e acolhedora. Gláucia, é mão para toda obra. Minha mulher que o diga! Colocou no blog que não tinha vestido para ir a formatura e que nem história de fada madrinha de cinderela, eis que surge reluzente um dia depois. Ela também larga tudo o que estiver fazendo para levar solidariedade a quem estiver precisando. Doente, largado/solitário, desempregado. O tipo de problema não importa para Gláucia. Por isso eu tinha obrigação de estar no aniversário de uma pessoa do bem como essa.
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