Feliz Ano Velho
Recentemente tivemos uma série de ataques do PCC em São Paulo em represália ao endurecimento das condições de vida nas penitenciárias do estado. Na época os presos tinham sido proibidos de comprar TVs de Plasma para assistir a Copa do Mundo. Deu no que deu, matou-se a torto e a direito e pelo andar do relatório do MP de São Paulo, está sendo comprovado que a polícia matou trabalhadores na periferia contabilizando como se fossem integrantes do PCC. Não podendo descarregar seu ódio nas lideranças dos atentados, descontaram nos moradores da periferia paulista.
No Rio, a realidade não tem sido muito diferente. As principais lideranças do tráfico estão presas. O que deve ter ajudado na tomada de seus espaços por milícias formadas por policiais e bombeiros que em troca de mensalidade (caixinha), participação na venda de bujões de gás e até de imóveis, prestam serviços de segurança em comunidades carentes da ZN do Rio.
Sem ter como recuperar imediatamente o seu poder geográfico, surgem retaliações de todos os tipos: ônibus incendiados com passageiros dentro ou não, prédios alvejados e principalmente delegacias e cabines de PM.
É óbvio que numa hora dessas pensamos em diversas ações que o Estado deveria tomar: convocação do Exército, pedido de envio da Guarda Nacional e até em pena de morte, tema predileto da direita em qualquer parte do mundo para substituir a educação para todos, a distribuição igualitária de renda e o acesso a justiça universal.
Por comodismo, esquecemos dos trabalhadores que precisam chegar em casa antes do toque de recolher em suas comunidades. Nunca lembramos das mães que aguardam diariamente seus filhos voltarem das escolas, com receio dos pontos de drogas que funcionam próximos. Mas principalmente não reparamos que a Pena de Morte já está em vigor no nosso país para pobres, negros e mulheres. Justamente aqueles que não têm dinheiro para contratar adovogados para defendê-los da acusação de roubo de galinhas. Acarretando sempre em penas que os transformam em seres irrecuperáveis, diante de uma sociedade preconceituosa que é incapaz de discutir seu futuro a partir das necessidades coletivas.
Esse espaço (vazio) de discussão com fins de uma ação organizada está nas mãos dos sindicatos, associações, conselhos e pessoas com vontade política de exercerem seus direitos enquanto cidadãos. Até porque nos cabe uma pergunta a nós mesmos:
- o que existe de mais importante para se fazer em 2007 que não seja melhorar a condição de vida dos trabalhadores desse país?