Não sei jogar

Sei que é muita pretensão da minha parte, mas a idéia desse (mais um) blog é retratar o dia-a-dia através das lentes (onde estão os meus óculos?) tão pouco usadas por todos nós...

Thursday, September 28, 2006

HH é fashion


Eu sei que meus leitores devem estar discutindo a performance dos candidatos a presidente no debate na TV. Podem estar avaliando se o Presidente da República deveria ter ido ser massacrado por seus adversários com a ajuda do Willian Bond. Se o Cristovam ainda tem chances eleitorais. Ou se o picolé de chuchu após as eleições vai lançar alguma marca de sorvete.

Desculpem-me se eu frustrá-los, mas não estou pensando em nada disso. Tudo por causa da jornalista com quem trabalho que descobriu a marca da bolsa da Heloísa. Acho que a descoberta pode mudar os rumos da sucessão presidencial. Afinal de contas, todos nós, inclusive eu, achamos que a senadora vive de forma espartana. Não se hospeda em hotel. Não viaja em primeira classe de cia aérea. Não frequenta restaurante luxuoso. Só usa camiseta básica da cor branca. E por aí vai!

Só que numa matéria de jornal de domingo, apareceu a senadora sendo entevistada em uma casa de militante do PSol onde ela se hospedou para economizar a diária de hotel. Na foto do quarto simples onde dormiu aparecia também a mala de roupas que ela usa em suas viagens.

A marca pode não ser conhecida de todas as mulheres, mas quem já deu uma passadinha nos shoppings Rio Sul e Barra, já deve ter visto a luxuosa loja de bolsas vendidas pela bagatela de 300 reaizinhos, a mais barata. Não tive tempo ainda de orçar o valor da bolsa da senadora, mas pelo nos algo eu já concluí, HH é fashion. Se isso for bem divulgado entre as eleitoras do Alckmin, pode virar a eleição de cabeça para baixo. Já pensaram como essa notícia pode impactar entre os compradores na Daslu? Antes que me esqueça, ela usa Kipling. A propósito, antes que alguém comente, não existe similar no camelô.
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Tuesday, September 26, 2006

24 Horas


Por 24 horas os bancários param no dia de hoje. Pode parecer um acinte alguém que trabalha em serviço essencial à população resolver não trabalhar. Mas preciso ponderar algumas questões que talvez façam com que vocês as achem razoáveis.

Os bancos aumentaram sua lucratividade 80% em média em relação ao ano passado. Estou falando de grandes bancos, pois os pequenos têm índices bem maiores. Desde que alguns bancos começaram a fazer empréstimos consignados, seus níveis de inadimplência caíram drasticamente.

Apesar de todos os números econômicos estarem acima do crescimento do país, dos juros cobrados ao mês serem maiores que a inflação de todo o ano e das tarifas bancárias cobrirem o valor das folhas de pagamento, os bancos continuam demitindo a rodo. Só o Santander no Natal passado, demitiu cerca de 5000 funcionários.

Mesmo assim a responsável pela paralisação de hoje foi a proposta de reajuste zero nos salários pelos próximos doze meses, um contrato coletivo com vigência de dois anos, uma PLR de apenas um salário e a negação de cesta básica no final do ano.

Talvez você tenha que ir ao banco hoje para resolver algum pepino com algum gerente. Talvez você tenha esquecido de pagar a conta que venceu ontem. O importante nessa hora é pensar o que fazermos quando descobrimos que aquele serviço que nos cobra regiamente para usá-lo, não beneficia a ninguém, a não ser ao seu dono. Alguém por acaso já pensou como seria o mundo sem banqueiros?
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Monday, September 25, 2006

Transcrição


Devido a gravidade dos fatos, resolvi postar o que já está postado.

Faço aqui um hiperlink para o blog da Cris. Que vocês possam ler com os olhos que a terra há de comer, sobre o que está acontecendo na capital cultural do país. Leiam e façam algo! A Educação agradece...
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Saturday, September 23, 2006

Carta ao Arquimimo


Depois de trocas de comentários no blog da Cris, resolvi trazer para meu blog uma idéia que vai fazer sucesso literário. Descobri que gosto muito mais de ler o que o Arquimimo escreve do que do meu parco texto. Estou falando isso pois não pensamos necessariamente igual nas questões abordadas recentemente. Se convencer alguém é tarefa difícil, imagine aceitar o que alguém escreve/fala quando é o oposto ao que você acredita. Já conhecia o belo texto ficcional do Arquimimo na revista que ele edita regularmente. Só que agora descobri o texto sério que aborda diversos assuntos: política, música, educação, etc. Meu anteprojeto que apresento nesse instante são cartas sobre diversos assuntos para que vocês leiam e comentem. Espero que o Arq apareça por aqui e comente brilhantemente como é do seu feitio.

Quem viver lerá!!!
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Wednesday, September 20, 2006

Semana Agitada

Semana agitada. Estamos no meio do mês de setembro mas a cara é de início de agosto. Mês que marca as tragédias políticas no Brasil.

A Polícia Federal prende pessoas comprando um dossiê elaborado pelo Vedoim do escândalo das ambulâncias.

Nenhum órgão de imprensa discute o seu conteúdo. Todos discutem a questão dos compradores. Quem os teria mandado comprar ? Como arrumaram dinheiro? Pobre Alckmin! Pobre Serra! Nessas horas ficam de fora da discussão do principal esquema de corrupção do Congresso Nacional criado durante o Governo FHC. Como nossa classe média é moralista, as atenções se voltam para aqueles que tentam se aproveitar da situação eleitoralmente.

Enquanto isso no Amapá, o Senador Sarney fustiga duas jornalistas através do TRE. Este órgão defensor dos bons costumes eleitorais, já aplicou o equivalente a 46 mil reais em multas a Alcinéa e Alcilene Cavalcante. Uma das multas é referente a não terem publicado o direito de resposta do Senador no Blog, que foi tirado do ar pelo próprio TRE. Bizarro! Mais bizarro ainda porque a imprensa não dá cobertura nenhuma ao assunto. Mesmo assim a discussão promete dar panos para mangas...

A candidata ao senado pelo PSB começa a encostar no favorito Sarney que é apoiado pala maioria dos prefeitos e deputados do estado. Sinais dos tempos! Uma mídia alternativa ainda muito jovem começa a ocupar o espaço devido no meio de uma imprensa controlada por apenas oito famílias abastadas desse país.

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Monday, September 11, 2006

Estela e Marcelo ou Era uma Vez...

Vou contar uma história antiga porque as novas já estão muito velhas.

"Era uma vez, em uma cidade muito grande"...

Estela me procurou assim que se separou do marido para me pedir ajuda. Tinha ficado no apartamento provisoriamente. Era um pequeno apartamento alugado localizado em bairro da zona norte. Quarto e sala ajeitado, porém com excesso de apetrechos decorativos.

Nós éramos muito amigos. Do tipo que saíam do trabalho juntos para irem jantar quase todos os dias da semana. Na verdade éramos um quarteto: Jorge, Estela, eu e às vezes uma amiga casada que morava longe. Fizemos a mesma rotina durante dois anos de nossas vidas. Íamos ao cinema, shows e jantávamos ou almoçávamos no fim de semana. O marido de Estela ía nos fins de semana com a gente. Era muito ocupado por exercer cargo de superintendência na empresa que trabalhava. Um dia Estela desconfiou de Bruno. A relação começou a azedar. Faltava tempo da parte dele que alegava motivo de horas extras e negócios nos fins de semana. Tudo isso adicionou-se ao envolvimento com uma das gerentes da empresa. Era o mundo desabando
em cima da relação.

Tinham se conhecido muito cedo. Por força do trabalho ele viera parar em cidade grande. Mantinham o namoro por carta. Ela esperando a primeira oportunidade financeira para poder casar. Veio a primeira promoção para supervisor e o pedido de casamento. Novos e inexperientes, porém felizes. Na segunda promoção, ele conseguiu uma vaga para a esposa em um departamento que não era subordinado a sua superintendência. Apesar do parentesco, os dois eram competentes e independentes um do outro. Talvez o único problema no trabalho era o horário de chegada de Estela. Sempre chegava 30 a 45 minutos atrasada. A chefe compreensiva resolveu propor novo horário. "Que tal 11 horas em vez de 10?" - inquiriu a bondosa senhora.

Horário alterado, vida nova no trabalho, quem sabe. Só que , como se fosse ligada no automático, Estela passou a chegar às 11:30 h da manhã. Tudo como antes no quartel de Abrantes. E a vida foi passando. Quando veio a separação, ela resolveu pedir as contas. Não queria ficar num lugar a mercê de comentários sobre a sua vida ou ter que viver cenas de comiseração. Foi à luta!

No primeiro mês de separação, ela me pediu para ir morar com ela provisoriamente. Tinha medo que ele tentasse voltar na marra. Passei a dormir na sala. Num colchonete ao lado de uma montaria de cavalo. A sala era onde tinham mais objetos de decoração. Era compensado com os excelentes pratos que Estela fazia para jantar. Procurou ajuda espiritual. Foi até uma senhora rezadeira que morava em cidade próxima. A senhora não cobrava consulta. Estela agradecida pela ajuda levava cestas básicas. Aquilo atenuava seu sofrimento e ajudava-a no recomeço da vida.

Logo começava a obter respostas do seu excelente currículo. Duas empresas tinham se interessado. Ela escolheu a que pagava menos, mas lhe oferecia maior desafio profissional. O patrão era muito atencioso com todos os funcionários. Tinha um sócio que era seu próprio irmão.

Tinha se sentido perturbada ao ser apresentada a Marcelo. Mas deixou passar o que sentiu. No aniversário da empresa que foi comemorado com festa no local do trabalho, aceitou carona do Marcelo até sua nova casa. Havia alugado um imóvel que pertencia a empresa, mas ficava distante do Centro da cidade. Durante a viagem Marcelo contou-lhe do casamento que estava desabando. Da sensação que tinha tido ao conhecê-la. Que não conseguia mais esconder os seus sentimentos. Que não sabia mais o que fazer, como se comportar nem o que dizer diante dela. Começaram a namorar. Marcelo seria o segundo namorado de Estela em 30 anos de vida. Totalmente diferente de seu ex-marido. Carinhoso, pontual, meigo, porém casado. Tinha um filho pequeno que ele dizia prendê-lo à esposa. Ela, segundo ele , era possessiva, autoritária e não cuidava direito da criança. Estela não sabia como viver a nova situação. Aos poucos as pessoas na empresa começaram a perceber o envolvimento. Marcelo foi chamado pelo irmão mais velho. A situação foi discutida na própria família. Começaram as pressões em casa que fizeram Marcelo entrar em crise.

Ele lembrou que muito antes de casar tinha procurado um astrólogo. Esse ao ler seu mapa, lhe advertiu: "Não case com a primeira mulher que lhe atrair, mesmo que ela engravide de você. Você por volta de 30 anos vai encontrar a sua alma gêmea. Só com ela você poderá ser feliz! não esqueça disso.'" Ele esqueceu. Casou com a primeira mulher que conheceu e engravidou antes do noivado. Se é que ficaram noivos!

Estela compreendeu que por mais que até os astros recomendassem aquele idílio, Marcelo não havia se preparado para ser feliz na vida. Na hora que precisou decidir o que fazer, se acovardou. Deixando sua chance de um amor duradouro escorrer entre os dedos.

"E assim, naquele reino distante habitou a tristeza. Até os pássaros pararam de cantar ao perceberem que não basta que um casal se ame. É necessário que haja vontade maior do que os obstáculos da vida para que as pessoas fiquem juntas."
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